segunda-feira, 18 de novembro de 2013

ESSA É PRA MATAR A SAUDADE DO HOMEM FEIO


ESSA MULHER RESOLVE TUDO!


domingo, 13 de outubro de 2013

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

NOVA ESPERANÇA

Tenho saudade, agora sinto e saúdo.
O saldo é positivo para o novo salto.
Cada canto eu sorri, chorei em qualquer canto.
Cantei demais, falei além.
Canto na partida.

Quando me parto deixo aqui o meu pedaço.
Há valor em cada caco.
É lágrima cristalina em partes
Neste pedaço valioso de vida.
Escrevo, ouço e vejo,
Fotografo íris queridas.
Registro o sopro de felicidade,
Protocolo o maior de mim.

Amo todos vocês.
Soa simples, soa displicente,
O que de fato não é.
É amor simples assim.
Cada cada um
Em seus inúmeros um.
Um, dois, tres, não sei enumerar.
Prefiro partir assim.

Deixo a melhor fração de mim.
Soa simples, quase fútil,
Mas é sutil.

Amo todos voces.
Soa banal, soa igual,
O que de fato não é.
É individual, amor espiritual.
Complexo, fácil e paradoxal
Saber que tudo o todo é um
E cada um é o todo em mim.
Não deixo de ser e permito que sejam.

Sejamos, amemos pois podemos.
Soa repetitivo, cansativo
E é a repetição construtiva.
É o cansaço que gratifica o dia.
Jornada em solo firme.
Avistar o longe não estremece
O chão que concretizo.
Não é sonho ou pó. É terra e meta.

Descoberta de missão.
Soa forte, quase piegas
E é. Prefiro assim.
Preferir é ser livre.
Escolhas de preferencia:
Amor a todas as coisas,
Fé na estrada da felicidade.
Gratidão por apenas ser.

Para quem fica, obrigado.
Abro-me aos novos abraços.

Assim é a vida.
Soa ingrato, quase desapegado.
Contudo não é.
Sou grato.
Me perdoem.
Sinto muito.
Obrigado.
Amo todos vocês. (Alex Houf)

sábado, 7 de julho de 2012

VOCÊ PRECISA SUPERAR

Hoje eu poderia começar a pintar uma nova tela, eu posso dormir o dia todo. Posso tomar um café e papear sobre a vida, poderia aproveitar minha sobrinha, poderia ensinar ou contar algo de bom.
Ontem eu pensei ter feito tudo certo até me deparar com a solidão.
Não aprendi a reconhecer ou aprendi a me convencer de que lá há algo de importante acessar.
A dor, a compulsão, o medo frenquente camuflado em excessos de prazer... A dor no corpo, o desequilíbrio dos pés a cabeça... a busca na mentira... o excesso de sinceridade, a confiança burra no caminho das pedras, a falta de eixo, a falta de amor.
O que me faz achar que vale a pena? Vale a pena?
Pena em todos os sentidos, a penalidade da vida que segue dura nos resultados, a pena que tens de mim. É uma pena, mas é realidade.
Para quem eu estou falando sobre tanta derrota? Quem quer saber? Não lembro de historinhas com finais assim e nem historinhas com personagens tão humanos. Não sou personagem de contos de fadas. Eu sou real.
Já abandonei meu palácio com os pavões, já.
Já pedi ajuda e não aceitei, já.
Já abdiquei de tantos desejos, já.
Continuo no caminho das pedras e isso dói.
Eu to falando de DOR. Do peito estilhaçado, os músculos contraídos, a cabeça que explode, a tristeza dos pais, a dor de me olhar no espelho e ver que aqui dentro há um vasto mundo de conflitos e de burrice, o encontro comigo mesmo, este "deus-demônio" dono do meu caminhar, eu.
Está fazendo um ano que eu não me reconheço mais, hoje faz um ano que tudo se foi. Hoje faz um ano que pedi para não mais existir, faz um ano que suporto a maior perda da minha vida, faz um ano que sangro diariamente, que acordo sem vontade, que me engano ao sorrir, que vivo assim, em busca. Um ano sem dormir.
Você precisa superar!
Eu sei, eu quero e não sei como.

domingo, 1 de julho de 2012

DIA DE MAR

Quando o corpo não aguenta e a mente confunde e nada me arrebata, é dia de ver o mar.
Fico com as músicas e a voz de Bethania, pinto tudo de azul, mas nada é mar. 
Aqui é tudo terra, a cabeça aérea e o coração em chamas.
Aquele som, o outro lado deste mundo, a imensidão que busco navegar. O medo da noite.
Lá eu me jogo, me entrego para o imprevisto. Penso em amor. Sou amor.
Hoje eu não vi o mar, não me banhei, nem gozei. Fiquei no aguardo, trancado, por que?
O dia de sol queimou lá fora, mais distante ainda havia água, ventos novos e eu preso no velho.
Preso na palavra que prometi, preso no acordo que só eu concordei.
Cheio de sorriso que quando vejo no retrato é nítido o trabalho para tentar ser feliz.
Aqui dói... Se está rachada a casca é porque estilhaçou tudo por dentro que nem a máscara cobre.
Está vazando a dor e a solidão. Está transbordando as palavras contidas. 

"Eu não sou daqui, eu não tenho amor"

E se após as ondas quebrantes eu encontro a maré de possibilidades? E se do outro lado realmente exite muito mais? Assim é duro de SUPORTAR os tombos. Aqui o chão é de concreto, terra dura... vida dura.

Hoje eu não vi o mar, há muito tempo que não sinto o abraço acolhedor de Iemanjá. 
Sinto falta de mim.
Sinto falta do amor.
Preciso ver o mar.

"Deixa-me encantar
Com tudo teu e revelar
O que vai acontecer
Nesta noite de esplendor
O mar subiu na linha do horizonte
Desaguando como fonte
Ao vento, a ilusão teceu
O mar, oi o mar, 
Por onde andei mareou, mareou
Rolou na dança das ondas
No verso do cantador

Dança quem tá na roda
A roda de brincar
Prosa na boca do vento
E vem marear

Eis o cortejo irreal
Com as maravilhas do mar
Fazendo o meu carnaval
É a vida, a brincar
A luz raiou pra clarear a poesia
Num sentimento que despeta na folia

Amor, amor
Amor sorria, ô, ô ô
Um novo dia despertou

E lá vou eu
Pela imensidão do mar
Esta onda que borda 
A avenida de espuma
Me arrasta a sambar

E lá vou eu
Pela imensidão do mar
Esta onda que borda 
A avenida de espuma
Me arrasta a sambar"




quinta-feira, 5 de abril de 2012

quarta-feira, 4 de abril de 2012

SOPRAR, SOPRAR, SOPRAR...



DESVÃOS 


A linha solta ao céu, sem coisa alguma atada 
Guarda na ponta solta um "ex" de histórias 
Que desalta veloz no nada 

E a mira presa ao réu, um golpe e o fim da estrada 
Guarda na empunhadura um "ex" de histórias 
De uma bainha sem espadas 

Onde é que guarda a dor 
Quando, já sem calor 
Damos de andar sem par 
A soletrar desvãos? 

Onde é que guarda a dor 
Que nos trará o andor 
Ou muro pra chorar 
E soluçar desvãos 

A dor do amor, pior 
Ficar com ela não 

Melhor soprar pra lá 
Pra outros cantos, lá 

Soprar, soprar, soprar 
Soprar, soprar, soprar 

Zé Modesto (Letra e música).

domingo, 1 de abril de 2012

QUE SEJA ALELUIA ENTÃO

                                      Nan Goldin
                                     Clarice Linspector - Água viva 

sábado, 31 de março de 2012

SOBRE A RELAÇÃO?


Com simplicidade narrativa, fui envolvido pelo cuidado na abordagem do tema, nas relações estabelecidas, (nos entres...). Um resgate de momentos simples que se eternizam, na delicadeza que somos naturalmente instruídos para sermos nós em poucos momentos de reclusão e cuidado imposto pela sociedade.
Qual seu artista preferido? 
(Senti-me honrado por saber a resposta sobre seu artista preferido e sei que sei muitas outras preferências)
Voltando ao filme: Um conto ligeiro e detalhado de sutilezas, escolhas poéticas e momentos de alívio. Acreditar um pouco e respeitar o jeito do outros de encarar a vida e perceber que nossas certezas, nossas escolhas sobre a melhor maneira de pensar e agir podem sim ser influenciadas por qualidades alheias. Sorrir atoa, cantar uma música "boba" (Um hino gay), raspar um violão, compartilhar um doce na boca num lugar de risco, tudo isso vale a pena. (Valeu a pena!)
Romântico sim, eu sou assim, me atraio por isso e por pessoas assim. Experiência resultada em inflexibilidade é velhice. Experiência resultada em disponibilidade é eterna infância e eu prefiro assim.

Não estou fazendo nenhuma análise sobre o filme, na verdade só estou indicando para que, como eu, possa se impressionar e talvez compartilhar esta impressão.

Numa palavra: Passagem.

quarta-feira, 28 de março de 2012

ELE EXISTE PORQUE EU SOU FELIZ!

CANÇÃO IX

Tenho meditado e sofrido
Irmanada com esse corpo
E seu aquático jazigo

Pensando

Que se a mim não me deram
Esplêndida beleza
Deram-me a garganta
Esplandecida: palavra de ouro
A canção imantada
O sumarento gozo de cantar
Iluminada, ungida.

E te assustas do meu canto.
Tendo-me a mim
Preexistida e exata

Apenas tu, dionísio, é que recusas
Ariana suspensa nas suas águas. 
                                                                 (Hilda Hilst)


EVOÉ BACO!

segunda-feira, 26 de março de 2012

ESTE AÍ NÃO SOU EU.

            Sexta feira vestia outras roupas, estive amarelado com cores outras, estive mais brasileiro do que sempre. Era eu quem estava lá. Peguei ônibus, caminhei medroso pelo centro de São Paulo sentindo falta de qualquer refugio de mim. Era eu no centro buscando meu eixo, morrendo de vontade de parar em um canto para chorar. Para isso seria necessário nivelar-me a tristeza e a solidão de alguns que por ali habitavam ou apenas passavam neste dia em que me habilitei autônomo, em mais um dia que estava sem meu grande amor, em mais uma tarde solitária e alimentada de sonhos, em mais uma lunática cavalgada de lanças de frente ao meu grande dragão. Sim, eu precisava de um amigo, eu precisava de afeto. (afeto é preciso) Fico pensando e não sei se admiro quem não precisa de palavras confortáveis ou de um instante de tranqüilidade para o menino de cada um, será humano esse desafeto? Não era momento para desarmar-me, despir-me de homem forte e revelar-me humano. Ainda era preciso assinar, preencher fichas, xerocar, protocolar documento, comer algo barato e ir cheio para a dança. Cheio do que?
            Busquei refúgio em um doce lar de um amigo. Amigo, pois acredito e respeito sua sutileza ou tentativa taurina no trato delicadamente brusco de me fazer melhor a cada encontro. Agradeço o discurso, o café, o abraço, a opinião formada e relativa pelas experiências vividas. Agradeço a incerteza e a movimentação turbulenta de todos os nossos encontros em mim. Fui tratado, ouvido, talvez falado posteriormente, e isso realmente não me importa mais, agora que tenho consciência de que o que fora dito não representa nada de mim, visto que até agora eu pouco sei do que sou, apenas sou. Eu sou o meu segredo e estou revelando-me, namorando-me um pouquinho mais a cada dia.
            Falei então apenas assuntos seguros e notei que a fragilidade da segurança estava em considerar o outro ponto de vista, os meus heterônimos e a opinião alheia. Assim percebi que em algum momento eu não estava de fato respondendo o que ouvia, ou não ouvia a pergunta correta, ou por não querer responder criava. Decidi sair.
            Uma coca cola para caminhar mais parecido com todos e despercebido de olhares. “Vejam, ele está tomando uma coca cola zero”, sentia - me mais seguro com essa imagem do que estar caminhando sem nada nas mãos. “Quem será esta pessoa e do que será que ela gosta?”. Coca cola zero era a marginal resposta inicial.
            Fiz o caminho antigo até o ponto de ônibus, reconheci pensamentos antigos no caminhar por calçadas velhas, regadas de novos passos. Esquina da Major Diogo com a rua Santo Antônio, quem me desejaria neste cruzamento? Os gays são avaliados nestas faixas de pedestre, eles se comunicam, inflam, inflamam o ego e destoem o outro apenas com um ataque do olhar. Envergonhado de não ser mais como essas muralhas, “firme e impenetrável”, que sempre atravessava, passei sozinho de cabeça baixa pela faixa, sem querer ser visto. Pensava, a todo o momento, qual seria o novo passo saudável para dar, qual lado mais seguro ficar. Entrar pela direita, passos firmes, suavemente, acendo um cigarro para ser então um fumante caminhando ou canto uma música para parecer um poeto solto pela rua? Passei pelo hotelzinho aonde um grande amor começou, caminhei pelo viaduto sem suas mãos ao meu lado e sem a certeza de que teria suas mãos em outro momento. Lembrei de algumas fotos suas na Argentina, do seu sorriso magro, farto de tristeza, reconheci em meu caminhar farto de solidão que há tempos me acompanha.
            Estava em direção a dança que os ventos me preparava, respirar e movimentar a mente e libertar meu inconsciente. Precisava deste pedacinho de céu, de companhia de anjos, merecia trabalhar com algo útil toda minha compreensão da falta e da certeza de amar e não ter você. De lá, saí fortinho e segui viagem, fui conhecer coisas e pessoas novas e ver reverberar-me diante de tanta beleza e sonhar com você e sentir sua presença. O que será preciso aprender para viver pleno ao seu lado? Será que esse desejo é real apenas em mim? Apenas eu construí esta fantasia ou tudo é real porque já vejo sem ter? Quase como um milagre...
            Você faltou, seu abraço faltou, seu olhar perdido, sua criança não estava comigo, você não quis brincar mais. Nossos pais nos trocaram de escolinha. Agora cada um viverá em uma nova escola de vida. Na minha escola a matéria favorita é o amor.
           
“Mesmo com tantos motivos
 pra deixar tudo como está.
 Nem desistir nem tentar
 agora tanto faz (...)”

Eu voltava para casa, silencioso, apreciando o momento novo, calado. Contemplava a rodovia dos canaviais, contemplava o sol rosando o céu e o dourado iluminando o verde da cana. Súbito me levou a descer do carro, atravessar correndo todo o canavial, fatiar-me de pressa na lâmina das folhas cortantes, temendo angústias e com a esperança de chegar a uma casinha, lavar o chão, pintar as paredes, perfumar por inteiro para convidar-te a plantarmos juntos novas sementes, aguardarmos preguiçosos juntos a colheita de cada plantação. Não pude. Isso fora sonho infantil, (ou instinto) nada maduro. Não real. “Bobeira sua”. “Um surto seu”. Puni-me e registrei este sonho não vivido, contudo reconhecia toda a nobreza e a fragilidade do nada real mas da perfeição que minha mente permite sonhos como este de existir.
            Anoiteci em casa, forçava o cansaço para não ouvir perguntas sobre quais seriam meus plano na semana.
            Responderia: respirar corretamente, comer nas horas certas, ficar bem, distrair-me com meus desenhos enquanto aguardaria o tão esperado sim. Que entendimento é esse que tenho que me leva apenas a esta ingênua vontade de ouvir seu sim?
            Dormi cedo.
            Gratidão!
           
            Você estava para chegar. Minha mãe e Marta preparavam comidas para sua chegada enquanto eu aguardava. Abri a porta e você surgiu acompanhado de um amigo e com um desconhecido. Este “desconhecido”, loiro, jovem e sorridente, inocente de nossa história olhou-me e tentou trocar um prazer em conhecer. Meu leão sabia o que representava a ameaça deste “desconhecido”. Não o amei, nem agradeci sua chegada, nem ao menos tive qualquer prazer em conhecê-lo (Este o seu novo seu). Entraram e constantes foram meus maus tratos a este garoto, fui cruel assim como fui tratado outras vezes pelos seus. Maltratei-o e você percebeu. Agiu como sempre para elucidar minhas dúvidas sobre o seu desprezo por mim. Você saiu e levou o garoto. Minha mãe tentou de um tudo, mas eu fui atrás de vocês. Esta e Marta seguiam-me. Fui em busca de “honrar-me”(rs). Saí pela noite em sua busca pelo centro da cidade. Minhas mulheres me acompanharam e perguntei após a exaustão - Vocês sabiam? Quem é este menino lindo que o acompanha, este jovem tela branca? Eles irão pintá-lo, borrá-lo! – Marta respondeu – É alguém que ele deseja gostar. Mas não amar assim como ama você, agora olhe para você e diga se há condição e se será justo você ficar diante desde menino com tanta sujeira no rosto borrado? Você sabe que é capaz de destruir tudo, seu olhar transmite a fúria da desintegração, seu amor quer te ver tela branca e transparente outra vez para pintar-te reluzente – e eu disse à Marta, “estou completamente imundo”, e ela continuou – Lave-se, transpareça sua face mais útil para que possa encarar limpo outra vez. Chorei, era dor de abelhas ferroando-me, inflamando todo o corpo, expulsando sangue e pus pelos poros e as águas de esgoto da Santo Antonio subiam pelos meus pés, puxavam-me para o chão. Morri novamente em busca do meu grande amor. Sozinho voltava para casa e presenciei, num domingo de futebol, gaviões matando um jovem imundo jogado na esquina. Minha mãe correu desesperada para salvar ou derramar pranto sobre este corpo. “Filho, é você?” Eu respondi e ela olhou para trás e me admirou banhado, lavado por águas claras, limpo. Ferido e vestido de grande homem. “Venha, mãe, acalme-se que este jovem aí não sou eu. Fora antes, mas agora eu sou este aqui.
            Acordei, nesta segunda feira as cinco da manhã, optei por chá e não café. Pensava que fumaria um cigarro apenas e voltaria a dormir. Tratei-me como um aparelho de liga e desliga. Ilusão! Agora o sol se apresentou e todos os moços já estão nas construções de seu dia. Farei agora um café para começar o meu dia pleno.

(Alex Houf.)


domingo, 25 de março de 2012

QUASE QUE SIM

Estar desperto para o desejo de te fazer feliz.
Estar aberto para entender o mais frustrante,
Ouvir o não de sua boca e ficar sem chão.
Novamente não!

Outros dias cuidarei de cada dia, em mim.
Todos os dias gostaria de beijar-te, cuidar de ti.
Se for para ser ilusão e não realidade, não!

Digo sim ao imprevisível, há construção.
Os arquitetos já criaram paredes transparentes,
então é possível ver do outro lado ou o que há por dentro.
Permita-me olhar o interno sem implodir sua casa,
Sem destrancar suas portas e janelas,
Já é possível ser inteiro e transparente, meu amor.

Cubra-se de cortinas para sua solidão,
Abra janelas vez ou outra,
Descortine seu sentimento e revele-se.
Há muita beleza em seu interior.

quarta-feira, 21 de março de 2012

SABEDORIA, BOM HUMOR, VIVÊNCIA.

· Dê mais às pessoas, MAIS do que elas esperam, e faça com alegria.

· Decore seu poema favorito.

· Não acredite em tudo que você ouve, gaste tudo o que você tem e durma tanto quanto você queira.

· Quando disser "Eu te amo" olhe as pessoas nos olhos.

· Fique noivo pelo menos seis meses antes de se casar.

· Acredite em amor à primeira vista.

· Nunca ria dos sonhos de outras pessoas.

· Ame profundamente e com paixão.

· Você pode se machucar, mas é a única forma de viver a vida completamente.

· Em desentendimento, brigue de forma justa, não use palavrões.

· Não julgue as pessoas pelo seus parentes.

· Fale devagar mas pense com rapidez.

· Quando alguém perguntar algo que você não quer responder, sorria e pergunte: "Porque você quer saber?".

· Lembre-se que grandes amores e grandes conquistas envolvem riscos.

· Ligue para sua mãe.

· Diga "saúde" quando alguém espirrar.

· Quando você se deu conta que cometeu um erro, tome as atitudes necessárias.

· Quando você perder, não perca a lição.

· Lembre-se dos três Rs: Respeito por si próprio, respeito ao próximo e responsabilidade pelas ações.

· Não deixe uma pequena disputa ferir uma grande amizade.

· Sorria ao atender o telefone, a pessoa que estiver chamando ouvirá isso em sua voz.

· Case com alguém que você goste de conversar. Ao envelhecerem suas aptidões de conversação serão tão importantes quanto qualquer outra.

· Passe mais tempo sozinho.

· Abra seus braços para as mudanças, mas não abra mão de seus valores.

· Lembre-se de que o silêncio, às vezes, é a melhor resposta.

· Leia mais livros e assista menos TV.

· Viva uma vida boa e honrada. Assim, quando você ficar mais velho e olhar para trás, você poderá aproveitá-la mais uma vez.

· Confie em Deus, mas tranque o carro.

· Uma atmosfera de amor em sua casa é muito importante. Faça tudo que puder para criar um lar tranquilo e com harmonia.

· Em desentendimento com entes queridos, enfoque a situação atual.

· Não fale do passado.

· Leia o que está nas entrelinhas.

· Reparta o seu conhecimento. É uma forma de alcançar a imortalidade.

· Seja gentil com o planeta.

· Reze. Há um poder incomensurável nisso.

· Nunca interrompa enquanto estiver sendo elogiado.

· Cuide da sua própria vida.

· Não confie em alguém que não fecha os olhos enquanto beija.

· Uma vez por ano, vá a algum lugar onde nunca esteve antes.

· Se você ganhar muito dinheiro, coloque-o a serviço de ajudar os outros, enquanto você for vivo. Esta é a maior satisfação de riqueza.

· Lembre-se que o melhor relacionamento é aquele em que o amor de um pelo outro é maior do que a necessidade de um pelo outro.

· Julgue seu sucesso pelas coisas que você teve que renunciar para conseguir.

· Lembre-se de que seu caráter é seu destino.

· Usufrua o amor e a culinária com abandono total.

      (Dalai Lama)

terça-feira, 20 de março de 2012

UMA NOITE LORCA


Eu 

Encheu-se de luzes 
meu coração de seda,
de sinos perdidos, 
de lírios e de abelhas, 
e eu irei muito longe, 
além dessas serras, 
além dos mares, 
perto das estrelas, 
para pedir a Deus 
Senhor que me devolva 
minha alma antiga de menino, 
madura de lendas, 
com o gorro de plumas 
e o sabre de madeira. 
                  (F.G.Lorca)

segunda-feira, 19 de março de 2012

PARA TODOS E TODOS OS DIAS

Se todos os dias nos analisarmos com cuidado e atenção, verificando nossos pensamentos, nossas motivações e suas manifestações no comportamento externo, abriremos em nosso íntimo uma boa possibilidade de fazer mudanças e efetuar um aprimoramento pessoal. Embora eu próprio não possa afirmar com toda a confiança que tenha feito algum progresso notável no decorrer dos anos, meu desejo e minha determinação de mudar e melhorar são sempre firmes.
Desde o momento em que acordo até a hora de dormir e em todas as situações da minha vida, sempre tento analisar minhas motivações e ser meticuloso e atento a cada momento. Pessoalmente, acho que isso é de grande utilidade para minha vida. (Dalai-Lama)


sábado, 17 de março de 2012

OS BURACOS DA MÁSCARA

Acordei, neste sábado, condicionado ao não posso. Na medida dos acordos entre o outro e mais outros e eu em relação aos demais e a mim. Então respirei. Pensei. Lembrei do mais fácil, sem incomodar o sono alheio, pois despertei mais cedo, como sempre. Vou fazer um café e fumar meu cigarro. Recordei da ciranda formada na noite anterior, na saudade e no desenho de encontros, desencontros, nos desejos de ser, praticar e viver bem. Café com cigarro? Uma coisa por vez, vou compensar com uma bela vitamina (leite de soja, linhaça moída, uma banana, mamão, maracujá, açúcar mascavo) e pão na chapa com manteiga. Fumei. Comi. Bebi como rei.

Liguei a televisão e ouvi uma voz Rubi, que fez meu coração de ficar abatido... Respirei... uma... duas... e o fluxo até o presente.

Caramba, como gostaria de ler um autor de contos fantásticos com uma temática próxima aos meus sentidos. Sentado no sofá, Rubi cantava sua negritude, Anita Garibalde lutava por seus ideais, e eu?
Abri o emprestado livro de contos do século XIX e me deparei com uma descrição:

"(...) (1855 - 1906), escritor maldito da Paris fim-de-século (homossexual e drogado - bebedor de éter - nos tempos em que a ostentação desses costumes era bem mais escandalosa do que hoje), (...)"

Dei uma risadinha de canto, silenciosa, amei o maldito e iniciei essa leitura:  

OS BURACOS DA MÁSCARA (Jean Lorrain)

Acho que atenderam meu pedido para esta manhã. Li algo que meus sentidos reconhecem, temem, tremem em recordar, imaginar e constatar alguns buracos em lindas máscaras.

Esse trabalho de mascarar a vida é uma questão que me tira do eixo. Não compreendo o porque do ser humano acreditar que precisamos utilizar máscaras para convivermos socialmente e alcançar objetivos? Quais objetivos são esses que é preciso esconder o verdadeiro eu para convencer, vencer o outro, também mascarado, e ficar nesta disputa de sonhos doentios que partiram de um mascaramento e não do encontro do eu com meu eu? Bem, ainda duvidei um pouco da realidade "baile de máscaras" e comecei a retirar conceitos decorados sobre pessoas e todos os penduricalhos que coloquei em mim antes de mim.

- Prazer, Alex - disse o Alex.
- O que? Mas é tão simples assim? Questionei.
- Não. Isso é só uma tentativa de desconstrução. A construção é a mais delicada. Desconstruir-se é um passo importante, mas o reconhecimento e a construção de si de acordo com o que você quer ser é uma grande jornada...

Lembrei do sorriso de um grande amigo que me dizia "Tenho uma notícia boa e uma má noticia para você. A boa é que você é dono da sua jornada e a má é que você também é dono de sua jornada".
Mais um café e um cigarro para fingir que aprendi a respirar. Inspirei toxinas e expirei inseguranças. A vida minha pertence ao Alex, ao Gabriel, ao Alex Gabriel, ao Houf ou ao Andrade?

- Eles se conflituam?
- Sim sempre, isso não é normal?
- Sim. Isso é normal e é por isso que o outro só pode penetrar quando todos esses "vocês" estiverem em acordo, após despidos, vestidos com os trajes que melhor escolher.
- Sim, claro. Obrigado.

Nossa, mais um trago! Inspirei a dúvida e expirei mais dúvida ainda... Tudo bem, sempre foi assim. Administrar todos esses criadores, poetas, administradores, advogados, Exus e Oxalás com contrato vitalício em mim. Então tirei a máscara e encontrei corpo, voz, meu espirito, meu toque, meu cheiro. Reconheci que eu SOU.

Não arrisco mais sair desmascarando os outros. Eu bem sei a dor e o trabalho que dá tanto para mim quanto para que não pediu por isso. Acredito no Tempo de cada um. Será necessário um dia. Tempo, Tempo, Tempo, Tempo...

Fico temeroso apenas quando penso nas gerações, porque é fato, que passaram, existem e surgirão que nunca colocaram-se neste lugar de desmascarar-se... Histórias a base de máscara, contos canções, decisões mascaradas... Precisei fumar mais um trago. Inspirei um pavor imenso e expirei esperança. Uau! Expirar esperança. Ter esperança... saber esperar. A vida trata de tomar conta das coisas.

Vá para o baile vez em quando, apresente a sua máscara, permita ser contemplado, mas ao retornar em sua solidão, Alex, retire-a, limpe-a, redecore, transforme... Amanhã você será outro e por dentro será sempre o maior presente seu: Você.

Alex Houf.

terça-feira, 13 de março de 2012

OUTRA VOZ QUE VEM LÁ DOS GERAIS

ARVORECER

Abra os seu olhos
Nunca anoitecerá
Incerteza é o que há
No cimo dourado do arvorecer

Abra os seus olhos 
Que o tempo virá
E com ele a saudade
Do vôo dourado do alvorecer

Sem sua mãe, menino
Você perde a cabeça e perde o corpo
Num segundo, o brinquedo vira outro
Só pra iludir

Abra os seus olhos 
Você vai voar
Como ave que há 
No cimo dourado do arvorecer

Abra os seus olhos 
Que a saudade virá
Quando em casa lembrar
Do vôo dourado no alvorecer


Sem sua mãe, menino
Você perde a cabeça e perde o corpo
Num segundo, o brinquedo vira outro
Só pra iludir
(Edson Penha)

sábado, 10 de março de 2012

MÁQUINA DE DAR CERTO

É o seguinte... enquanto muitos estão protegidos de seus medos em salas fechadas com seus custos e outras burocracias tenebrosas, outros ousam sair para as ruas e modificar o espaço, compor com desestrutura, alegria e beleza o dia imprevisível da cidade.
São Paulo só vale a pena se for divertido... Isso é fazer sentido!

A série de filmes, produzida em HD, inicia o projeto da Cia. Bruta de Arte que inclui o espetáculo teatral MÁQUINA DE DAR CERTO.
Temporada de 31 de março a 19 de maio de 2012. Sábados, 23h59. Espaço dos Parlapatões. Praça Roosevelt, 158 - São Paulo
www.ciabrutadearte.com.br 

"Máquina de Dar Certo #3"
Direção: Roberto Audio
Imagens: Willy Murara e Marcel Mendonça
Trilha sonora original: Helder da Rocha
Edição: Washington Calegari

Atores:
Angela Ribeiro, Ana Pereira, Ana Lúcia Felippe, Dagoberto Macedo, Edna Elizabeth Hewson, Fabiana Souza, Fabiano Benigno, Helder da Rocha, Marba Goicochea, Maria Campanelli Haas, Paulo Maeda, Ricardo Socalschi, Teka Romualdo, Thammy Alonso, Wanderley Salgado e Washington Calegari

NO VENTO "ATÉ A LUA"

‎"Eu já falei com olhos que te amo e você não ouviu.
Eu já falei com as mãos que te quero e você não sentiu.
Eu já fui até a lua, pra tentar te convencer.
Acabei conquistando a lua
Só não conquistei você.
Eu já fui até a lua, pra tentar te convencer
Acabei namorando a lua
Só não namorei você." (Ana Maria Carvalho)

sexta-feira, 9 de março de 2012

CUIDADO: CÃO BRAVO

Eu me sentei para assistir um trabalho de colegas e ao começar não acreditei que estava acontecendo e até o final fiquei com uma vontade de acreditar se eu realmente estava amando o que via, sentia, ouvia. O que era aquilo que estava gritando em mim? Cuidado: Cão Bravo!


Dias 16, 17 e 18 tem CUIDADO CÃO BRAVO no TUSP! Sempre às 20h.
Entrada gratuita!
Com Renan TrindadeCarla ZaniniMarô ZamaroGabriela Segato e Felipe Rocha.
Direção: Luiza Torres

O ESTAR ATENTO

Foi preciso sentir as dores intestinais e esperar passar para compreender que estava machucado. Compreender que não havia tanta força assim neste homem, além de humanidade e dores humanas como o intestino.
O pedido de silêncio pode ser um sábio pedido, palavras doem, ferem. Fora preciso dizer, mesmo que ainda em processo de entendimento, e fora dito o que estava pungente no momento. Palavras sinceras, presentificadoras, não destrutivas, entretanto foi dito o que foi mexido, cavoucado. Foram ditas verdades de cada indivíduo
È importante saber jogar com o improviso de cada dia, mas há dias que não estou disponível para o jogo, contudo, o mundo gira. É preciso agir, mas peço meu tempo, exijo respeito quanto ao tempo que é necessário para cicatrizações. Alguns precisam de pouco e outros do tempo necessário. O mais importante é cada um saber de si. Por isso é preciso respeito ao outro e a si mesmo. Compreender o movimento, o silêncio, os ruídos calados e os momentos de alegria, mesmo que confuso, todo ser precisa sorrir e não há problema se não sabe o por que.

“Viva e deixe viver”
“Seja e deixe o outro ser”

A busca é individual e coletiva, não despreze o momento do outro colocando seu bem estar em primeiro plano. Vale a pena agüentar a dor para rever conceitos e esperar com que o sagrado TEMPO cumpra sua função.

Hoje eu tive o prazer de ler um trecho do livro “Budismo: Claro e Simples”, de Steve Hagen, no capitulo sobre a explanação da Liberdade em que me colocou diante que questões sobre a mente de cada individuo e o processo natural do auto conhecimento diante do respeito de que cada mente é merecedora da iluminação e a busca, individual, é simplesmente o auto conhecimento “O ESTAR ATENTO”. Estar atento em si, contudo respeitando o fluxo natural das coisas, não buscando respostas à fórceps e objetivando ser alguém iluminado. Seja você, que o mundo se encarrega da “evolução natural”. Pense como agregar construtivamente e se for ficando em silêncio, no momento, cale-se. Cada ser é capaz de encontrar suas respostas agindo e pensando com amor a tudo que nos cerca.

Enfim, olha eu dizendo muito novamente... sendo que na verdade eu comecei a escrever este texto apenas para compartilhar o que li. Segue:

“Nossa intenção deve ser a de estar despertos. Porém, isso não precisa ser um objetivo, como comumente consideramos. Não é algum fim pelo qual deveríamos (ou mesmo poderíamos) nos esforçar ou trabalhar para desenvolvê-lo como tal. É por essa razão que essa prática é radicalmente diferente de todas as outras coisas que fazemos ou podemos fazer. Quando VEMOS a Realidade pelo que ela é, não podemos mais fazer de conta que estamos brincando de alcançar, de nos esforçar ou de chegar. Você não pode chegar à VISÃO dessa forma; a VISÃO significa estar plenamente envolvido com este momento. Não há aqui nenhuma dúvida, nenhum medo e nenhuma angustia existencial. Não há perguntas esmagadoras do tipo: “Para onde vou depois de morrer?”, porque se torna claro que essas questões, dúvidas, medos e ansiedades têm por base a aquisição de uma ilusão – o eu.”


Tive o meu olhar sobre este texto de acordo com a leitura do livro e os exercícios propostos. Indico essa leitura e sugiro grandes diálogos sobre temas levantados.

Gratidão!

quinta-feira, 8 de março de 2012

BEIJO DO BEIJA FLOR

Vôo do Beija-Flor

Tão silencioso do mistério do amor

Fecho os olhos para ver aonde vou
Voar pelo infinito daquilo que eu sou
Desvendar o oceano interior
Voar pelo infinito daquilo que eu sou
Mergulhar no oceano interior
Beija flor me leva
Beija flor desperta em mim
Me leva nas asas deste rio encantador
Vale dourado do meu lindo beija flor
Voar neste azul o sol abre cor
Vento suave me traz o frescor
Beija flor me leva
Beija flor desperta em mim
Deixa suave faz abrir todas as pétalas desta flor
Brilho da mata que encendeia o lutador
Deixa suave faz abrir todas as pétalas desta flor
Brilho da mata que semeia o lutador
Passarinho que me encanta
Canta um, canto do amor
Me leva pra aonde você for
Beija flor me leva
Beija flor desperta em mim

quarta-feira, 7 de março de 2012

ACOMPANHAR FAZ BEM.

Roberta Sá, com seu novo CD lançado em 2012: SEGUNDA PELE.


é tão gostoso acompanhar a carreira de um artista e se deliciar com o caminho percorrido e com os êxitos de cada trabalho.
Lembro do dia que assisti Roberta Sá no festival da cultura, interpretando Girando a Renda... Ali já me apaixonei e busquei conhecê-la... Fiz e posso dizer que essa grande artista é uma das responsáveis pela trilha sonora da minha vida desde então.
E pode ser que realmente a sintonia é fina entre o artista e seu público. Eu também estou trocando de pele...

Gratidão!

"O PROBLEMA DO PRAZER"

Com um titulo destes talvez queiramos abandonar logo o assunto, talvez alguém queira argumentar logo de cara: Afinal que despropósito é este? "Problema do prazer"? O prazer não é um problema é a solução para as minhas dores emocionais e meu tédio!

Sentimos solidão, alguns de nós, sofrem por não dividir a vida com o próximo,com uma “cara metade” ou porque não conseguimos compartilhar a vida e o espaço físico com o próximo, o que também é sofrimento. Sofrimento solitário ou compartilhado. Sofremos porque nada nos acontece de verdadeiramente extraordinário e aquilo que acontece perdeu sentido há muito tempo. Sofremos com nossas ansiedades, medos, dúvidas, desejos, anseios, impotência, frustrações e tudo isso gera mais conflito e confusão interna. Eu concordo, não há problema no prazer, na alegria, no amor, o problema está na fuga. Fugimos o tempo todo de nós mesmos, das nossas criações mentais que nos aterrorizam, fantasmas do passado que são. Fugimos sem saber do que, e nem para onde!
Em um sábado à noite, sozinho no meu apartamento, sofro porque estou só, porque algo dentro de mim me angustia, porque não quero vislumbrar toda a dor que eu mesmo gerei. E podemos dizer que estamos cônscios de que nós mesmos criamos o sofrimento? Que estamos condicionados, com a mente trancafiada no passado e almejando um futuro? Admitimos que estamos presos nesta ratoeira psíquica?
Por isso estar só (mesmo estando acompanhado) é horrível, é insuportável. Somos obrigados a conviver com nós mesmos, com aquilo que somos e não aceitamos; daí é necessário fugir, distrair-se, ou seja: tirar a atenção de nós mesmos. Criamos condições múltiplas para a fuga, distrações requintadas para esconder nosso tédio mortal, inventamos a TV, música, teatro, cinema, família, trabalho, sedução, sexo casual, bebidas, poderosas drogas, status social. Seria a nossa evolução humana e social a causa? Afinal quando aprendemos a plantar precisamos inventar alguma coisa para fazer enquanto a colheita não chegava, ou então morreríamos de tédio, no entanto tudo isso vai nos embotando, condicionando e, principalmente, distraindo-nos daquilo que sentimos e somos. Talvez como nômades coletores a vida tivesse mais graça, aventura, perigo, o que nos mantinha num continuo estado de atenção e presença.
Estando ou sentindo-me só, logo quero distração, e a memória primeira que surge para solucionar o caso sempre é a mais prazerosa claro, para muitos seria o sexo, para outros comer, ou ambos, sair para comprar, embebedar-se, enfim múltiplas possibilidades, mas eu vou continuar no sexo, porque seria o meu primeiro pedido e como nos diz o tantra é aonde está o primeiro nó e todas as demais opções, na maioria das vezes, servem apenas como um consolo à falta do gozo sexual. Folheamos nossa agenda, ligamos para todas as pessoas com quem já tivemos algo. O primeiro impulso é repetir porque, afinal, uma nova conquista daria trabalho, poderíamos não sair vitoriosos, poderíamos nos ferir, detestamos tomar um fora, então reviramos novamente o passado, aquilo que já foi conquistado, o mais simples e seguro – ainda que a experiência não tenha sido realmente prazerosa, é melhor do que estar só diante de si mesmo, ali almejamos deitar nossa mente para o prazer, como fuga da atenção íntima.
E não importa, amanhã ou mesmo no momento seguinte, lá está novamente àquela sensação horrível de se estar só – deitado do lado de alguém, e profundamente só. O mesmo pode estar sentindo a outra pessoa, e não é cômico que estejam os dois juntos sofrendo de solidão?
Depois do abraço sexual, um tanto insatisfatório já que não estamos por inteiro ali e uma parte de nós ficou do lado de fora do quarto, tudo o que queríamos era despejar a figura incomoda que está ali atrapalhando a nossa paz, melhor o nosso bode. Tudo o que queríamos dela já foi conquistado, já "coisificamos" a pessoa, agora queremos descartar o objeto de prazer fugaz, porque nós mesmos nos sentimos descartáveis.
O impulso primeiro de buscar as experiências do passado também é válido aos inveterados caçadores de aventuras e romances. Em um primeiro momento, podemos acreditar que aqueles que saem para seduzir uma pessoa nova por noite buscam a aventura, a novidade, porém, na realidade, estão repetindo, porque o processo de conhecer e conquistar alguém ficou mecanizado. Criam métodos para a sedução, repetem gestos, olhares, usam as palavras certas para cada tipo de vítima. No fundo, estão explorando a carência do próximo, sendo eles próprios carentes e buscando de toda forma esconder e extinguir isso – mas também não será possível, porque só podemos extinguir algo que exista, que seja verdadeiramente real. Então surge a questão:
Seria a solidão real? Sentimo-la de forma muito vívida e intensa e diremos que sim, a solidão existe. Então, quando se sentir triste e solitário, não fuja lendo uma revista, assistindo TV ou ouvindo uma música para melhorar o “astral”. Se aquele sentimento é real devemos lidar com ele como sendo real. Imagine que um elefante se materializa em sua sala, como você conseguiria ignorar o belo gigante? Seria possível levar sua vida com sua rotina em casa normalmente com o hospede nada chamativo? O sentimento é este elefante que teimamos em ignorar.
Proponho que você mergulhe no sentimento profundamente, esteja completamente atento a todo o movimento dentro de si. Digamos que o "Dumbo" que você tenha encontrado seja a tristeza: Como é este sentir-se triste? Sua respiração muda? Seu corpo fica tenso? Há uma sensação de dor? Onde dói? Detenha-se a perceber e estudar o sentimento no corpo, e tão somente nele. Fique com a sensação e ela naturalmente se esvai, não porque você lutou contra ela, ou fugiu para as memórias de experiências prazerosas passadas, mas porque você a observou, sem guerras, sem culpas, sem julgamentos. Isso significa jogar luz nas trevas, mas não dentro daquele conceito místico pouco prático. É tomada de consciência sobre si mesmo, existe afinal algo mais importante para você do que você mesmo? Sejamos honestos.
E, se você puder manter-se consciente com todos os acontecimentos do seu dia, então não haverá identificação com os fatos e pensamentos. E talvez você descubra que o Elefante imenso na sala de sua mente, era imaginário!
Mas e sentimentos pouco simpáticos? Por exemplo a raiva, é tão feio ficar com raiva, chega a dar raiva ficar com raiva! Quando você estiver com raiva de alguém, sinta toda a raiva, sinta-a em seu corpo e não a transforme em crueldade, não a lance para fora de maneira insana e destrutível. Observe-a carinhosamente, eu sei que parece ilógico, carinhosamente vivendo com a raiva, mas esta aparente loucura paradoxal é possível, observe-a até o fim e logo você vai perceber que a raiva nada tem a ver com a pessoa que a originou, porque não é ela, é você! Você é a origem, não o outro!
Ficará claro que o outro é o botão que aciona, porém a raiva está dentro de você, ninguém poderá lhe dar raiva, não é algo palpável que se possa transmitir. Ela está dentro de você, ela é você naquele instante, não algo separado. Você a criou e alimentou durante todo esse tempo e quando você a enxergar integralmente, não haverá agente externo. Retire o objeto e fique com o movimento interno. Novamente com a sensação física, corpórea.
O objeto é a pessoa com quem você briga constantemente, o computador que pifou, o trânsito lento, a conta alta, o sumiço de seus objetos, tudo isso é externo e nada tem a ver com a sua mente. Mas o problema está na identificação, estamos sempre valorizando o externo. Assim, diremos: “Fulano me deixou com raiva”, e isso não é verdade. Você experimenta a raiva, sua identificação com a forma, associa o sentimento com os agentes externos e assim ela se mantém. Você já viu uma criança obstinada por sua brincadeira? Uma criança pode ficar horas fingindo ser um enfurecido Leão, com uma cara muito feia, rosnando por ai, somos crianças crescidinhas obstinadas pelas imagens que criamos a respeito de nós e dos outros, com uma desvantagem, esquecemos que estamos fantasiando.
O problema é profundo e, no entanto, convivemos com ele diariamente e sem refletir a respeito. Eu sei que há proposições filosóficas ou espiritualistas que dizem que tudo é a mente, então aqueles problemas também são a sua mente, você criou o evento, ele é fruto do seu apego às situações desagradáveis e ao artifício da fuga que gera condições para que você continue fugindo e fingindo, uma espécie de mágico sofredor e fujão, que se acorrenta para depois se libertar até o próximo show! Mas não pensemos neste David Cooperfield chorão e na construção do mundo pela sua própria mente, pois isto pode afrouxar ainda mais os parafusos da minha cuca, precisamos olhar para a coisa a partir do mundo dual mesmo, objetivo, quando surgem os obstáculos e seus fenômenos internos, como a raiva por exemplo, e queremos fugir ou não sentir, gerando aversão ao sentimento, neste instante fique com as sensações! E faça o mesmo para o agradável, porque também ambicionamos perenidade para o prazer, mas toda e qualquer sensação é impermanente, esquecer disto resulta em sofrimento e está é a realidade ultima a respeito do mundo: transitoriedade!
Para ser feliz precisamos ver as coisas como elas são, porém sem observação fica impossível uma transformação real. Buscamos o prazer como fuga da dor. Se pudermos ter ambos, prazer e dor, integralmente, sem fuga, então há liberdade, há silêncio, não há culpa, não há julgamentos.
O importante é o mergulho, a atenção plena e pura, sem corrupção, sem interferência dos pensamentos deliberados e condicionados, que são a experiência do conhecido. Seus relacionamentos poderão ser reais, a partir de que são o que são, e não uma fuga da dor e do desespero. E sua dor também será real, ela ganhará a dimensão certa, porque dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. É um dito fabuloso, se pudermos levá-lo ao mundo factual, se, nas nossas relações, pudermos observar a nós mesmos, sem mascaras, no ato, em tempo real, poderemos descobrir em nossa subjetividade o ponto exato em que transformamos dor em sofrimento!
E porque fazemos isto? Talvez porque adoremos nos fantasiar de "coitadinhos" e desejamos permanecer assim contraídos no medo e na interminável infância dorida, que nos possibilita adiar a responsabilidade sobre nossa felicidade e jogar a culpa em todo mundo!
Mas voltemos ao prazer, que todo mundo gosta e quer. Se você puder entender, observar e experimentar o prazer sem a corrupção do pensamento, então o prazer poderá ser evocado, porque não haverá objeto externo a provocá-lo. Ele existe dentro de você e, sendo você mesmo, ele está aí, nas coisas simples e cotidianas e até no próprio ato de “nada” fazer. Esse prazer está se transformando, ele não será o oposto do sofrimento, como se um existisse pelo outro! Não! Algo novo está ocorrendo, esse prazer é êxtase, Samadhi, prazer de ser você mesmo!
Neste prazer de simplesmente Ser, abandonamos as rotas de fuga do desagradável, nesta descoberta de si e do outro nas relações, poderemos amar de verdade, sentir plenamente, tocar o real. Não nos prostituiremos mais por um pequeno instante de fuga da dor – o que, francamente, só poderá gerar ainda mais dor. Compreendido isso, passamos a investigar as causas mais profundas do sofrimento humano, encontrar o novo, a liberdade, verdadeira compaixão nascida da compreensão de si.
Agora gravitacionamos em volta do pequenino eu machucadinho, giramos ao redor da dor, a arte de viver com sensibilidade e atenção gerará na própria atenção um novo foco centrípeto e centrifugo: de atenção que se volta para dentro e de atenção na direção de tudo e todos. Seu prazer terá a qualidade da verdade e dabeleza!
Mas não faça disto uma promessa, um bilhete premiado na loteria do Espírito, ou então você conseguirá transformar o que é vivo em morto, você se converterá num "Quase-Buddha Zumbi", correndo atrás de uma borboleta imaginária chamada iluminação e felicidade, e recorde zumbis são meio bobos, molengas e muitíssimo lentos, eu nunca vi um zumbi agarrar uma borboleta.
A atenção e a sensibilidade não é algo que você vai conquistar amanhã, num futuro colorido quando você se tornar mais iluminado, a atenção e sensibilidade é pra já!
Então observe o que você esta sentindo agora?
E agora mesmo já está presente a atenção plena!
O tesouro incomparável! O ornamento divino na coroa de todos os iluminados!
Que todos os seres sejam felizes!
Que todos os seres estejam em paz!
Que todos os seres despertem!
Vida Plena!
Vajrananda (Diógenes Mira)